Tuesday, May 27, 2008

L&L

A minha vida fita-me num bocejo, como uma enorme folha de papel em branco que deveria prencher, mas sinto-me incapaz de formar uma única letra. A minha cabeça é um salão de baile vazio, algumas rosas murchas e fitas engelhadas pelo chão, violinos quebrados a um canto, os últimos bailarinos tiraram as máscaras e fitam-se com olhos mortiços de cansaço. Eu viro-me, como uma luva, vinte e quatro vezes ao dia. Oh, bem me conheço, sei o que daqui um quarto de hora, daqui a oito dias, daqui a um ano vou pensar e sonhar. Meu Deus, que crime terei eu cometido para que me faças dizer a minha lição tantas vezes, como um menino de escola? Bravo Leôncio, bravo! (aplaude) Faz-me bem chamar assim pelo meu nome. Eh Leôncio, Leôncio!

Sunday, May 18, 2008

O VEREDITO


entre os festejos do Sporting, uma lua linda que me parece um olho a olhar por mim, sempre feminina, uma chuva leve e boa que humedece e lava sem apagar, cá estou eu. o veredicto foi decretado? a sentença foi lida? pelos barulho na rua parece-me que toda a gente acha que sim.
eu não quero ser um menino tolo, em que a vida não está nas minhas mãos, não quero andar a reboque das pessoas e dos acontecimentos. quero ser homem crescido
já me libertei deste julgamento? acho que sim em parte, a outra talvez me acompanhe sempre como uma segunda pele, e assim está certo. mas pelo menos sinto-me bem nessa pele, sinto que essa pele é minha.

a cova da lua

Saturday, May 17, 2008

Friday, May 16, 2008

A BOA ALMA DE SETSUAN

Chen Te - Quando eu era pequena, em nossa casa nós tínhamos uma graça com uma asa quebrada. Era muito nossa amiga, e não ficava zangada por coisa alguma, e onde nós fossemos ela ia atráz, gritando para não irmos muito depressa. Mas no Outono e no inicio da Primavera, quando os grandes bando passavam como nuvens por cima da nossa aldeia, ela ficava muito inquieta, e isso eu comprendia muito bem...

Friday, May 2, 2008

douro



oiço oiço muito todas as conversas á minha volta. vejo muito vejo as pessoas mas sobretudo vejo a paissagem á minha volta, as casas á beira rio fascinam-me. O verde e o cêu. Oiço poucos sons das margens ou da água ou dos passáros. Entre as misturas de conversas mais ou menos banais e a música do barco pouco dá para ouvir do resto. As casas vazias e abandonandas continuam a chamar-me mesmo depois de chegar á cidade.
De volta de comboio, comboio antigo daqueles onde eu viajava quando era pequeno entre lisboa e porto, e onde os magotes de tropas se apertavam nos corredores e entre carruagens, alguns subiam para as prateleiras das bagagens e durmiam.

houve momentos (um deles foi à chegada ao peso da régua) que o ar ficava cheio de "dentes de leão" a flutuarem muito suavemente e perdia a noção se eram eles que se mexiam e nos atravessavam ou se estavam quietos como pertencessem aquele sitio e era o barco que os atravessava como se atravessa o nevoeiro.